A atitude da massa, ou do grande público, que favorece o sistema
da indústria cultural, faz parte desse sistema.
da indústria cultural, faz parte desse sistema.
Ana Carla Jacob
Quando assistimos ou ouvimos os meios de comunicação temos a ilusão de que estamos absorvendo conhecimento, entretanto a realidade não é essa. Junto à pequena parte de informação assistimos a um verdadeiro espetáculo apresentado por todos os meios. Conforme destaca Adorno e Horkheimer, “o cinema e o rádio não precisam mais se apresentar como arte. A verdade é de que não passam de um negócio, eles a utilizam como uma ideologia destinada a legitimar o lixo que propositalmente produzem”. A passagem do telefone ao rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que os participantes ainda desempenhassem o papel do sujeito. Democrático, o rádio transforma-os a todos igualmente em ouvintes, para integrá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos outros, das diferentes estações, acrescentam os frankfurtianos.A atitude da massa, ou do grande público, que favorece o sistema da indústria cultural, faz parte desse sistema. Como? Dando audiência e aceitando o espetáculo ridículo com mulheres seminuas ou pessoas mergulhadas em um “mar de sangue”, afinal o veículo não vende se não apresentar o show, o espetáculo. O meio de comunicação por sua vez constrói uma história com o reflexo da realidade e o objetivo é obter audiência, para tanto busca a mais-valor, no sentido de despertar o interesse do grande número – o diferente, o inusitado é a pedra de toque. O mundo inteiro é “forçado” a passar pelo filtro da indústria cultural, ninguém conseguindo ficar fora dela.
A violência da sociedade industrial instalou-se nos homens de uma vez por todas. Os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente. “Cada qual é um modelo da gigantesca maquinaria econômica que, desde o início, não dá folga a ninguém, tanto no trabalho quanto no descanso”, que tanto se assemelha ao trabalho. É possível chegar ao conhecimento de qualquer filme sonoro, de qualquer emissão de rádio, o impacto que não se poderia atribuir a nenhum deles isoladamente, mas só a todos em conjunto na sociedade, explica Adorno e Horkheimer no livro Dialética do Esclarecimento.
Todavia, a indústria cultural permanece a indústria da diversão. Seu controle sobre os consumidores é mediado pela diversão, e não é por um mero decreto que esta acaba por se destruir, mas pela hostilidade inerente ao princípio da diversão, por tudo aquilo que seja mais do que ela própria. O espectador vê no filme, o casamento representado no filme, o seu próprio casamento. Agora os felizardos exibidos na tela são exemplares pertencendo ao mesmo gênero a que pertence cada pessoa do público, mas esta igualdade implica a separação insuperável dos elementos humanos.
Ana Carla Jacob aluna do 4º período de Jornalismo da Fasam e membro do grupo de Estudos das Mídias.